por
Prof. Raimundo N. Martins, Jr.
Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz! Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver ofensa, que eu leve o perdão. Onde houver discórdia, que eu leve a união. Onde houver dúvidas, que eu leve a fé. Onde houver erro, que eu leve a verdade. Onde houver desespero, que eu leve a esperança. Onde houver tristeza, que eu leve a alegria. Onde houver trevas, que eu leve a luz.Ó Mestre, fazei que eu procure mais consolar que ser consolado, compreender que ser compreendido, amar que ser amado. Pois é dando, que se recebe, é perdoando que se é perdoado e é morrendo que se vive para a vida eterna!(Oração de São Francisco)
Um
instrumento... algo que é usado para modificar a realidade. Quando
pensamos em um instrumento, o musical, por exemplo, ele é algo
simples que, ao ser tocado, muda tudo ao seu redor. É capaz de
comunicar uma mensagem que alcança o mais profundo do ser do homem
por meio da execução do seu som, pois este interfere nos
sentimentos humanos, mexendo com o seu espirito e, consequentemente,
as suas ações.
Aquele
que é o ser orante começa a sua oração expressando o desejo de
ser um instrumento. Alguém que, através da melodia da sua vida,
atinge o mais profundo do ser da alma humana, modificando-a, mas por
trás de uma série de pedidos quanto ao ser em oposição ao seu
antagônico estão expressos comportamentos com os quais podemos
aprender a sermos melhores pessoas perante Deus.
Quem
ora muda primeiro as suas ações para poder mudar as ações dos
outros. Isso significa que o ódio, a ofensa, a discórdia, as
dúvidas, o erro, o desespero, a tristeza e as trevas, tem de
primeiro serem vencidas na vida de quem ora para que este possa, como
missão, levar a quem necessita o amor, o perdão, a união, a fé, a
verdade, a esperança, a alegria e a luz. O efeito da oração e a
própria oração antes de ser sobre e para os outros é sobre e para
si próprio. Antes do ser orante ser instrumento em favor da mudança
dos outros ele tem de ser instrumento de Deus para a paz em si
próprio.
A
oração é também um tratamento contra o ego. Normalmente, quem se
expõe e se propõe ser alguma coisa, com por exemplo, ser o
instrumento de Deus para levar a paz aos outros, é tentando a voltar
tudo para si, a usar a sua missão para conforto próprio. O fazer
tende a ser condicionado ao ser compreendido, ao dar tudo certo do
ponto de vista humano. Não se percebe, com isso que o maior gesto de
amor ocorreu em meio a incompreensão humana. Jesus, no seus últimos
dias, não foi compreendido, antes foi abandonado por todos, ninguém
queria ele mais, contudo deu-nos o exemplo, continuou amando, mesmo
sem esperar o retorno do seu amor.
Por
fim, nos são apresentadas as justificativas que devem motivar
aqueles que desejam servir a Deus, no servir ao próximo. A exemplo
de Jesus que deu a sua vida, perdoou os nossos pecados e morreu em
nosso lugar para que pudéssemos ter vida, agora, somos chamados a
ser instrumentos de Deus para a paz neste mundo, pois é dando,
que se recebe, é perdoando que se é perdoado e é morrendo que se
vive para a vida eterna! Tudo o
que necessitamos fazer é viver em função do outro,
incondicionalmente, como fez o Cristo.
Que
esta oração seja muito mais do que uma canção. Que esta oração
seja muito mais do que palavras soltas ao vento. Que esta oração
seja para nós, vida!