(comentário entre parentesis em vermelho)
Para o Ministério da Educação (MEC), o papel da escola é não só o de ensinar a forma culta da língua, mas também o de combate ao preconceito contra os alunos que falam "errado". Em nota enviada ao iG, o órgão ressalta a existência de uma descriminação linguística e defende a adoção do livro didático de língua portuguesa Por uma vida melhor, da coleção Viver, aprender que dedica um capítulo ao uso popular da língua.
(Sem um padrão estabelecido a unidade da língua torna-se mais fraca. O padrão é necessário seja na escrita ou na fala. Na fala, o erro não devria ser considerado como algo grave, pois o objetivo de quem fala é a comunicação e não gramnática)
A apostila que traz expressões como "nós pega o peixe" ou "os menino pega o peixe" é o único livro de português que foi distribuído neste ano pelo Programa Nacional do Livro Didático para a Educação de Jovens e Adultos (PNLDEJA) do MEC. Com isso, quase 500 mil alunos de 4.236 escolas tiveram acesso ao texto, de acordo com dados do ministério.
Livro usado na Educação de Jovens Adultos tem capítulo sobre a norma popular da língua
A obra é adotada por escolas que se inscrevem no programa do governo federal e que atendem estudantes vindos dos programas de alfabetização ou que retornam à escola para concluir seus estudos. Em nota, o MEC informa que os livros são indicados e distribuídos, mas as escolas têm autonomia para complementar o material encaminhado.
(Aos "desfavorecidos" não é dado o mesmo direito que tem os outros)
Ao defender o uso do volume da coleção Viver, aprender, o MEC explica que o combate do preconceito linguístico e a valorização da linguagem do aluno estão previstos no documento que contém os Parâmetros Curriculares Nacionais, de 2000.
"Os livros apresentam objetivos coerentes e compatíveis com as Diretrizes Gerais da Educação de Jovens e Adultos. Propõem uma abordagem que considera uma situação de interlocução socialmente contextualizada, procurando levar em conta os saberes prévios dos alunos", diz a nota, que reproduz ainda parte dos Parâmetros Curriculares.
(O conhecimento não é formado, em sua maioria, de "saberes prévios dos alunos")
"A escola precisa livrar-se de alguns mitos: o de que existe uma única forma 'certa' de falar; a que parece com a escrita; e o de que a escrita é o espelho da fala. Essas duas crenças produziram uma prática de mutilação cultural". Essa é a orientação curricular nacional citada pelo MEC como motivo de promover a segurança dos estudantes para "expressar a 'sua voz'".
(O problema é se o ditado estiver correto: "Costume de casa se leva a praça". O que vai acontecer é a escrita assimilar as imperfeições da fala)
Leia trecho da nota enviada pelo MEC ao iG:
Lidar com as diferenças é uma das maiores dificuldades do ser humano. Ao se descobrir a diversidade, em muitas ocasiões, manifesta-se a tensão, a intolerância e, principalmente, o preconceito, que se define como uma postura negativa, sem fundamentos, para com as diferenças manifestadas nas várias dimensões da vida humana. Uma forma de preconceito particularmente sutil é a que se volta contra a identidade lingüística do indivíduo e que, mesmo sendo combatido, no Brasil, por estudiosos da sociolingüística continua a ser relevado pela sociedade em geral, inclusive na escola.
(Entender o ser como igual é o que foi tentando enfiar goela abaixo durante muito tempo. O aluno era formado para ser uma maquina de trabalho. Isso dificulta o entendimento do que seja diversidade)
O reconhecimento da variação lingüística é condição necessária para que os professores compreendam o seu papel de formar cidadãos capazes de usar a língua com flexibilidade, de acordo com as exigências da vida e da sociedade. Isso só pode ser feito mediante a explicitação da realidade na sala de aula.
(Normalmente, o "cidadão" que a escola atual forma é um ser aceitivo, inconsciente de si, que se reduz à linguagem dos guetos, não crescendo além disso, para os governos isso é ótimo, pois amntém a máquina funcionando e a sua continuidade )
Todas as línguas mudam com o passar do tempo e variam geográfica e socialmente. A respeito da língua, dois fatos devem ser levados em conta: a) não existe nenhuma sociedade na qual todos falem da mesma forma; b) a variedade lingüística é o reflexo da variedade social e, como em todas as sociedades existe alguma diferença de status, essas diferenças se refletem na língua.
(Nem todas as línguas mudam com o passar do tempo)
A Escola que oferece a modalidade de Educação de Jovens e Adultos deve propiciar aos alunos um ambiente acolhedor no qual suas variedades lingüísticas sejam valorizadas e respeitadas. Dessa forma, os alunos terão segurança para expressar a "sua voz". Cabe à escola o papel de criar situações de aprendizagens que possibilitem aos estudantes utilizar as diversas variedades lingüísticas.
O estudo da gramática normativa deve contribuir para o desempenho lingüístico do aluno, tanto na recepção quanto na produção de textos escritos e orais. É o exercício contínuo das diferentes práticas, aliado à reflexão constante sobre os usos da linguagem que permite a ampliação dos recursos expressivos.