sexta-feira, 13 de maio de 2011

MEC defende uso de livro didático com linguagem popular

(comentário entre parentesis em vermelho)

Para o Ministério da Educação (MEC), o papel da escola é não só o de ensinar a forma culta da língua, mas também o de combate ao preconceito contra os alunos que falam "errado". Em nota enviada ao iG, o órgão ressalta a existência de uma descriminação linguística e defende a adoção do livro didático de língua portuguesa Por uma vida melhor, da coleção Viver, aprender que dedica um capítulo ao uso popular da língua. 

(Sem um padrão estabelecido a unidade da língua torna-se mais fraca. O padrão é necessário seja na escrita ou na fala. Na fala, o erro não devria ser considerado como algo grave, pois o objetivo de quem fala é a comunicação e não gramnática)

"O reconhecimento da variação linguística é condição necessária para que os professores compreendam o seu papel de formar cidadãos capazes de usar a língua com flexibilidade, de acordo com as exigências da vida e da sociedade. Isso só pode ser feito mediante a explicitação da realidade na sala de aula", diz a nota da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (Secad), que defende o uso do livro pela sua capacidade de trabalhar o preconceito linguístico.
 
(O professor que não reconhecer que, na fala, existe variação, está sendo contra a cultura e o regionalimo, porém o ser social é formado não para o seu meio somente, mas para o mundo e, por todo o mundo existe um padrão de comunicação mas principalmente de escrita)

A apostila que traz expressões como "nós pega o peixe" ou "os menino pega o peixe" é o único livro de português que foi distribuído neste ano pelo Programa Nacional do Livro Didático para a Educação de Jovens e Adultos (PNLDEJA) do MEC. Com isso, quase 500 mil alunos de 4.236 escolas tiveram acesso ao texto, de acordo com dados do ministério.

Foto: Reprodução Ampliar

Livro usado na Educação de Jovens Adultos tem capítulo sobre a norma popular da língua

A obra é adotada por escolas que se inscrevem no programa do governo federal e que atendem estudantes vindos dos programas de alfabetização ou que retornam à escola para concluir seus estudos. Em nota, o MEC informa que os livros são indicados e distribuídos, mas as escolas têm autonomia para complementar o material encaminhado.

(Aos "desfavorecidos" não é dado o mesmo direito que tem os outros)

Ao defender o uso do volume da coleção Viver, aprender, o MEC explica que o combate do preconceito linguístico e a valorização da linguagem do aluno estão previstos no documento que contém os Parâmetros Curriculares Nacionais, de 2000. 

"Os livros apresentam objetivos coerentes e compatíveis com as Diretrizes Gerais da Educação de Jovens e Adultos. Propõem uma abordagem que considera uma situação de interlocução socialmente contextualizada, procurando levar em conta os saberes prévios dos alunos", diz a nota, que reproduz ainda parte dos Parâmetros Curriculares. 

(O conhecimento não é formado, em sua maioria, de "saberes prévios dos alunos")

"A escola precisa livrar-se de alguns mitos: o de que existe uma única forma 'certa' de falar; a que parece com a escrita; e o de que a escrita é o espelho da fala. Essas duas crenças produziram uma prática de mutilação cultural". Essa é a orientação curricular nacional citada pelo MEC como motivo de promover a segurança dos estudantes para "expressar a 'sua voz'".

(O problema é se o ditado estiver correto: "Costume de casa se leva a praça". O que vai acontecer é a escrita assimilar as imperfeições da fala)

Leia trecho da nota enviada pelo MEC ao iG:

Lidar com as diferenças é uma das maiores dificuldades do ser humano. Ao se descobrir a diversidade, em muitas ocasiões, manifesta-se a tensão, a intolerância e, principalmente, o preconceito, que se define como uma postura negativa, sem fundamentos, para com as diferenças manifestadas nas várias dimensões da vida humana. Uma forma de preconceito particularmente sutil é a que se volta contra a identidade lingüística do indivíduo e que, mesmo sendo combatido, no Brasil, por estudiosos da sociolingüística continua a ser relevado pela sociedade em geral, inclusive na escola.

(Entender o ser como igual é o que foi tentando enfiar goela abaixo durante muito tempo. O aluno era formado para ser uma maquina de trabalho. Isso dificulta o entendimento do que seja diversidade)

O reconhecimento da variação lingüística é condição necessária para que os professores compreendam o seu papel de formar cidadãos capazes de usar a língua com flexibilidade, de acordo com as exigências da vida e da sociedade. Isso só pode ser feito mediante a explicitação da realidade na sala de aula.

(Normalmente, o "cidadão" que a escola atual forma é um ser aceitivo, inconsciente de si, que se reduz à linguagem dos guetos, não crescendo além disso, para os governos isso é ótimo, pois amntém a máquina funcionando e a sua continuidade )

Todas as línguas mudam com o passar do tempo e variam geográfica e socialmente. A respeito da língua, dois fatos devem ser levados em conta: a) não existe nenhuma sociedade na qual todos falem da mesma forma; b) a variedade lingüística é o reflexo da variedade social e, como em todas as sociedades existe alguma diferença de status, essas diferenças se refletem na língua.

(Nem todas as línguas mudam com o passar do tempo)

A Escola que oferece a modalidade de Educação de Jovens e Adultos deve propiciar aos alunos um ambiente acolhedor no qual suas variedades lingüísticas sejam valorizadas e respeitadas. Dessa forma, os alunos terão segurança para expressar a "sua voz". Cabe à escola o papel de criar situações de aprendizagens que possibilitem aos estudantes utilizar as diversas variedades lingüísticas.

O estudo da gramática normativa deve contribuir para o desempenho lingüístico do aluno, tanto na recepção quanto na produção de textos escritos e orais. É o exercício contínuo das diferentes práticas, aliado à reflexão constante sobre os usos da linguagem que permite a ampliação dos recursos expressivos.