segunda-feira, 22 de março de 2010

13 curiosidades estranhas sobre terremotos

Conheça 13 fatos estranhos sobre terremotos que, se não o deixarem mais preparado para alguma catástrofe, com certeza poderão alimentar uma conversa de bar:  

  1. A terra está mais ativa sismicamente nos últimos 15 anos, de acordo com geólogos. Apesar disso, nem todos os especialistas concordam. 
  2. A cidade de São Francisco, nos Estados Unidos, está se movendo em direção à Los Angeles (a uma taxa de 5 centímetros por ano, aproximadamente – o mesma taxa de crescimento de suas unhas da mão). 
  3. Março não é o mês do terremoto, por incrível que pareça. Em 1964, em março, aconteceu o maior terremoto do mundo, no Alasca, mas os outros terremotos mais devastadores conhecidos aconteceram em fevereiro (como o do Chile), novembro e dezembro. 
  4. Cerca de 500 mil terremotos acontecem no planeta todos os anos e são detectados por aparelhos. Destes, apenas 100 mil são sentidos por nós. Só a área da Califórnia "hospeda" 10 mil desses terremotos. 
  5. O Sol e a Lua também causam tremores. Já é comprovado que eles alteram as marés. Agora pesquisas mostram que eles também estimulam terremotos. 
  6. Uma cidade do Chile se moveu três metros de sua localização original após o grande terremoto de fevereiro que abalou o país.
  7. Não há clima propício para terremotos. Teoricamente, as áreas propícias a sofrer tremores podem estar em áreas frias, quentes, chuvosas – não há diferença. A pressão barométrica também não afeta o solo.
  8. A superfície da Terra foi levemente alterada pelo grande terremoto de 2004 que atingiu a Indonésia gerando o grande tsunami.
  9. O anel de fogo do Pacífico é a região mais geologicamente ativa da Terra. Ela circula a costa do Pacífico, passando pelas bordas da China, Rússia, Japão e áreas das Américas.
  10. Extração de petróleo causa pequenos terremotos. Mas nada muito exagerado – é que a retirada de algo das profundidades acaba causando a acomodação e o movimento das placas tectônicas, resultando em mini-tremores que mal são percebidos.
  11. O maior terremoto de que temos conhecimento aconteceu no Chile, em maio de 1960.
  12. Terremotos de um lado da Terra podem atingir regiões do outro lado do planeta. O terremoto chileno de 60 fez com que a Terra tremesse por alguns dias a fio.
  13. O terremoto mais mortal aconteceu na China em 1553. Estima-se que 830 mil pessoas morreram.

quinta-feira, 11 de março de 2010

POR QUE DIZER NÃO AO PRECONCEITO LINGUÍSTICO

Um dos objetivos fundamentais da educação conforme postulam os PCN é tornar o aluno um cidadão consciente dos seus direitos e deveres, desenvolvendo atitudes de participação social e política e ao mesmo tempo formando valores que o façam assumir atitudes solidárias, cooperativas e de repúdio às injustiças e discriminações.

Trazendo esses objetivos para o âmbito do ensino de língua portuguesa vemos que esse ideal ainda está longe de ser concretizado e isso não é difícil de se comprovar.

Os diversos estudos da Sociolinguística têm demonstrado que escola continua sendo perpetuadora de fracassos e desigualdades, sendo que grande parte disso está intimamente associado aos problemas de linguagem. Como afirma Soares (2002):

O conflito entre a linguagem de uma escola fundamentalmente a serviço das classes privilegiadas, cujos padrões linguísticos usa e quer ver usados, e a linguagem das camadas populares, que essa escola sensura e estigmatiza, é umas das principais causas do fracasso dos alunos pertencentes a essas camadas, na aquisição do saber escolar.

Como já foi dito, infelizmente os sérios estudos desenvolvidos pelas ciências da linguagem não tem sido suficientes para que a escola veja as variedades lingüísticas como um fator positivo. Infelizmente a escola ainda está contaminada de preconceitos. Persiste mito do “certo” e do “errado”.

Não raro, alguns poucos professores de língua portuguesa até tentam construir uma prática de ensino de língua materna inclusiva, mostrando a verdadeira realidade que o preconceito lingüístico esconde.

Mas, é na própria escola onde também está a resistência. Algumas pessoas que se consideram especialistas na língua portuguesa, quando na verdade nem passaram pelo curso de letras, nem muitos menos se preocupam e ler o mínimo do que dizem os postulados da linguística e sociolinguística, interpretam erroneamente o trabalho do professor, afirmando que “essa maneira de ensinar português” não ajuda o aluno em nada, justificando ser essa a causa de tantos alunos usarem mal a sua língua.

Para piorar ainda mais, essas mesmas pessoas acham que o professor que desenvolve seu trabalho sob a perspectiva da linguística acha errado ensinar a língua padrão, quando na verdade o que esse professor propõe é o inverso. Ele sabe, e muito bem, que o seu papel é justamente esse: fazer com que o aluno se aproprie da linguagem padrão como instrumento de luta contra as desigualdades e a favor de uma inserção cada vez mais ampla na sociedade em que vive.

Faz-se necessário deixar claro que o que é o foco do ensino de língua materna a partir de uma visão sócio-interacionista não está na questão de ensinar ou não gramática, mas sim de acabar com o preconceito lingüístico, tão disseminado nesse meio. O que se propõe é o respeito e aceitação de todas as formas lingüísticas como sendo boas, certas, comunicativas. Trata-se de abrir espaço para a diversidade, trocando a noção de certo e errado por adequado e inadequado.

O principal objetivo do ensino de português deve ser o desenvolvimento da competência comunicativa do aluno. Isso significa não a substituição de sua forma de falar por outra mais bonita ou mais certa, significa dotá-lo de amplas ferramentas lingüísticas que o permitam utilizar a linguagem de maneira eficiente em diferentes contextos.

É para ensinar a língua padrão sim! Mas é essencial que esse ensino seja feito maneira crítica, ajudando o aluno a enxergar o preconceito social que está por trás da linguagem usada pelas camadas não escolarizadas.

É para ensinar a língua padrão sim! Porém, é primordial fazer com que aluno analise criticamente as diversas relações que se estabelecem por meio da linguagem e não para silenciá-lo e bombardeá-lo dizendo que sua linguagem é pobre, errada e que ela não serve para nada.

Fazer educação com justiça é isso: dotar o aluno de ferramentas que o tornem autônomo, respeitador, cooperativo, competente linguisticamente e não um mero reprodutor de desigualdades e preconceitos.
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MARIA DAS DORES EVANGELISTA, PROFESSORA DE LÍNGUA PORTUGUESA

quarta-feira, 10 de março de 2010

Por que você fede?

Não se ofenda! Você pode até tomar cinco banhos por dia, mas ainda assim você vai ter odores estranhos. Quer saber da parte nojenta? As bactérias são as culpadas.

Tudo começa nas glândulas sudoríparas, que são pequenos tubos em sua pele (e só existem nos mamíferos). Elas liberam fluídos transmitidos do sangue para suas camadas dérmicas. As glândulas sudoríparas apócrinas, encontradas nos genitais, nas axilas e no couro cabeludo são os lares ideais para bactérias. São essas amiguinhas, ou a excreção delas, que criam o seu cheirinho especial.

Mas essa secreção toda pode não ser tão ruim assim. Há suspeitas de que os humanos, assim como outros animais, liberem feromônios através dela. Um estudo feito em 2007 mostrou que há alguma substância no suor masculino que causa a liberação de endorfina (a substância do relaxamento) no organismo feminino.

No entanto use seu suor e suas secreções com (muita) parcimônia. Afinal, a sua sujeira não libera nem um pouco de endorfina nos outros e cheiro de limpeza faz as pessoas se comportarem com mais ética.
 

terça-feira, 2 de março de 2010

DEZ FATOS SOBRE O AUTISMO

Pais de crianças autistas rapidamente se tornam autoridades no assunto, mas e quanto aos parentes, professores, treinadores, primos? Pouca gente, além da família mais próxima, tem vontade de ler 20 páginas escritas pelos órgãos de saúde. Este pequeno artigo traz uma leitura rápida para quem deseja saber mais.

1—Autismo se apresenta como um espectro.
A pessoa portadora de autismo poderá tê-lo em grau mais leve ou mais acentuado. Assim é possível ser um orador ser brilhante em outras atividades, como também pode ter limitação intelectual e ser pouco falante. Um mal que abrange tão larga margem de sintomas é chamado de "espectro autista". O mais significativo sintoma é a dificuldade de comunicação social.

2—Síndrome de Asperger é uma forma de autismo.
A síndrome de Asperger é considerada uma parte do autismo. A única diferença significativa é que as pessoas portadoras da síndrome de Asperger desenvolvem a capacidade da fala no devido tempo e aquelas portadoras de autismo demoram mais para falar. Pessoas com Asperger são, geralmente, capazes e bem falantes, mas têm dificuldade no contato social.

3—Portadores de autismo são diferentes entre si.
Se você assistiu "Rain Man" ou algum programa de TV sobre autismo, pensará que sabe como é o autismo. Na realidade, quando você conhece um autista, você conhece UMA pessoa com autismo. Alguns são faladores, outros calados, muitos sofrem com problemas gastrointestinais, dificuldades para dormir etc.

4—Há vários tratamentos para o autismo, mas não há cura.
Até onde alcança a ciência médica, não há, no presente, cura para o autismo. Mas, não se diga que não há melhoras, pois muitos autistas melhoram muito. De qualquer modo, mesmo com melhoras significativas, continuam a ser autistas, o que significa pensar e compreender de forma diferente de outras pessoas. Crianças com autismo podem receber diversos tipos de tratamentos, que poderão ser médicos, comportamental, de desenvolvimento e até baseado nas artes. Dependerá da criança qual o tratamento que lhe trará mais sucesso.

5—Há muitas teorias sobre as causas do autismo, mas não há consenso a respeito.
Você poderá ter visto ou ouvido notícias sobre possíveis causas do autismo. As teorias vão desde o mercúrio existente nas vacinas das crianças à causas genéticas, a idade dos pais e muito mais. Atualmente, a maioria dos pesquisadores pensa que o autismo é causado por uma combinação de fatores genéticos e fatores ligados ao meio ambiente e é possível que os sintomas que afetam diferente pessoa tenham causas distintas.

6—O autismo é um diagnóstico para a vida toda.
Muitas vezes, mas não sempre, o tratamento precoce do autismo faz com que os seus sintomas diminuam consideravelmente. Portadores de autismo são capazes de aprender habilidades que os ajudam a suplantar suas dificuldades. Mas, uma pessoa com autismo, provavelmente será autista por toda a vida.

7—Família com pessoa autista precisa de ajuda e apoio.
Mesmo o autismo "leve" é um desafio para os pais. O "grave" pode ser difícil de suportar. As famílias poderão sofrer uma tensão muito forte e necessitarão do apoio de todos. Uma grande ajuda é cuidar do autista enquanto aqueles que o fazem permanentemente possam relaxar um pouco.

8—Não há a "melhor escola" para uma criança com autismo.
Você pode ter ouvido falar de uma "escola maravilhosa" para autistas ou poderá ter lido o excelente desempenho de uma criança numa determinada sala de aula. Enquanto uma sala pode ser perfeita pra uma determinada criança, cada portador de autismo tem suas necessidades próprias. Incluir uma criança numa turma regular poderá não ser a melhor solução; as decisões sobre a educação de um autista são geralmente feitas em reuniões dos pais, professores e terapeutas que conheçam muito bem a criança.

9—Há muitos mitos sobre o autismo.
A imprensa está cheia de histórias sobre o autismo e muitas não são verdadeiras. Por exemplo, você poderá ter lido que os autistas são "frios" e sem sentimentos ou que nunca se casam ou trabalham produtivamente. Cada autista é diferente do outro, logo não se pode estabelecer "regras" para todos.
Para compreender um autista, é aconselhável que se passe algum tempo junto a ele, ou ela, para realmente conhecê-lo.

10—Autistas têm habilidades e pontos fortes.
Pode parecer que o autismo seja um diagnóstico totalmente negativo, mas quase todos os autistas têm muito a oferecer ao mundo. Pessoas com autismo estão entre as mais sinceras, imparciais e apaixonadas que você encontrará. São candidatos ideais para muitas carreiras profissionais.

Top 10 Facts About Autism
By Lisa Jo Rudy, About.com
 

O supertatu

Cientistas identificam "supertatu" nordestino de 100 kg e 10 mil anos

Chamar o Pachyarmatherium brasiliense de supertatu é licença poética, por mais que o bicho pareça se encaixar na descrição.

Na verdade, a criatura de 100 kg é um parente relativamente distante dos tatus atuais. A espécie, recém-descoberta em meio a um material arquivado em Natal (RN), traz pistas sobre como era a fauna gigante do Brasil pré-histórico.

 Editoria de Arte/Folha Imagem

"O material foi coletado nos anos 1960 e levado para o Museu Câmara Cascudo. Parte ficou na área de exposições, parte no acervo técnico, mas ninguém se interessou por aquilo durante muito tempo", diz Kleberson Porpino, da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte.

Ele descreveu a espécie com Lílian Bergqvist, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, e Juan Fernicola, do Museu Argentino de Ciências Naturais Bernardino Rivadavia.

Em artigo na revista científica "Journal of Vertebrate Paleontology", o trio se debruça sobre fragmentos relativamente escassos do bicho, como pedaços da carapaça, vértebras e ossos dos membros, para descrever a "nova" espécie, bem maior do que os tatus atuais (os maiores não chegam a 50 kg).

Dobraduras

E são justamente as unidades que formam a carapaça, os osteodermas, que ajudam a entender o comportamento e o "álbum de família" da espécie.

Por um lado, os tatus de hoje possuem osteodermas diferenciados, formando bandas de articulação, que dão flexibilidade à armadura.

Exemplo extremo disso é o tatu-bola, que se dobra sobre si mesmo. Já os gliptodontes (mais avantajados entre os parentes extintos dos tatus, podendo ter o tamanho de um Fusca) não possuem tal articulação, tendo a aparência de um pequeno tanque de guerra.

O P. brasiliense estava entre esses dois extremos. "Não chegava a ser uma faixa flexível, mas havia uma região com algum grau de articulação, mais parecida com uma dobradiça."

Se o trio conseguiu entender a armadura do bicho, sua alimentação e locomoção são mais misteriosas por pura falta de dados. O crânio (com os dentes) não foi preservado. "Os gliptodontes aparentemente eram herbívoros [muitos tatus atuais são comedores de insetos]. No caso do P. brasiliense é difícil afirmar", diz Porpino.

A falta de datação precisa do material das cavernas onde o bicho foi achado, em Baraúna (RN), impede que se diga sua idade. Mas os fósseis associados a ele sugerem o finzinho do Pleistoceno (a Era do Gelo), entre 40 mil e 10 mil anos atrás.

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segunda-feira, 1 de março de 2010

(AO) Dislexia

Como suspeitar e identificar precocemente o transtorno na escola

A identificação precoce de um possível ou suposto quadro de dislexia no ambiente escolar, sensibiliza os profissionais da educação ao exercício de um novo olhar: "olhar" mais cuidadoso, criterioso, investigativo e com mais participação na vida escolar dessa criança.

O diagnóstico que envolve a exclusão de outras condições e dificuldade por parte da criança, deve voltar-se para uma serie de sinais e sintomas muito peculiares, que podem sugerir a suspeita e levar a busca de profissionais especializados para tal diagnóstico.

Neste contexto, é difícil estabelecer critérios precoces para esta identificação, pois acompanhar o desempenho evolutivo de uma criança é um dos marcadores para inferir inadequações neste desenvolvimento. Sabemos que podem surgir atrasos no desenvolvimento motor e linguístico, inadequações nas fases desse desenvolvimento e superação delas em ambiente familiar estimulador ou não, além de outros fatores que possam implicar direta ou indiretamente no desempenho formal do aprendizado de leitura e escrita.

Estabelecer estratégias e metas novas e eficazes para que crianças desenvolvam o mais correto possível suas habilidades sensoriais e motoras para atingir o contexto formal escolar, sem grandes atribulações é fundamental já que, qualquer aprendizado pedagógico passa pela aprendizagem informal, aprendizado esse que depende do ambiente, da família, da sociedade e das particularidades individuais de cada ser.

Aprender é algo único, e neste aspecto devemos valorizar as pequenas e altas habilidades, pois deste modo, precocemente perceberemos aqueles com mais habilidades para raciocínio, cálculo, e aqueles com habilidades mais linguísticas e assim, facilitamos sua integração no contexto pedagógico formal.

Habilidade para desenvolver a escrita e leitura:

Os processos cognitivos que resultam em aquisição do processo de leitura e escrita formam uma base, como apresentaremos:

1) Conhecimento de (leitura) e (nome) dessas letras:

É importante que esse conhecimento não venha de uma sequência automática de memória do abecedário e sim de conhecimento e reconhecimento de grafemas e o nome que esses grafemas possuem.

2) Consciência Fonológica:

Envolve a habilidade em que a criança aprende a ouvir com o Ouvido Neurológico, associando sons e letras e com essas transposições entre os sinais auditivos corresponder-se a símbolos gráficos, oriundos das unidades articulatórios da fala.
3) Aptidões da Fala e Linguagem:

Direciona a criança para dentro de um processo de aprendizagem formal, e através dele podemos entender que, quando uma criança está na escola, ela já adquiriu a fala (oralidade), já possui uma estrutura linguistica oral, e a partir deste processo adquirido irá construir um novo processo: a escrita, e em conseqüência, a leitura.

Quando esta criança não tem uma boa estrutura de linguagem oral que comporte uma estrutura textual, dificilmente conseguirá fazê-lo dentro de uma estrutura na escrita. Quando apresenta uma oralidade contaminada por substituições e omissões, essas trocas aparecerão no processo de aquisição da escrita, é necessário verificar suas estruturas anteriores (pré-requisitos) para que a possibilidade de transpor para leitura e escrita esteja adequada.

4) Atenção Sustentada:

Nascemos com uma atenção automática que é uma resposta aos estímulos e estes provocam essa atenção para uma resposta a estímulos fortes, com grande intensidade, e estes fazem seus registros de automatismo. É essa atenção que persiste na criança durante o aprendizado informal.

Para integrarmos ao aprendizado formal (pedagógico) precisamos da extensão desta atenção voluntária, escolher o que queremos focar, saber relacionar com a situação e contexto escolar. Mais do que isso, se faz necessário uma sustentação para este foco, que é uma habilidade que depende da maturação do lobo frontal, de uma maturação neurológica, que depende de muito treino, adaptação, adequação, e intensa participação da criança.

Esta atenção sustentada é que mantém as zonas de associação com a atenção auditiva para o aprendizado, possibilitando a retenção, ou seja, a consolidação do conhecimento. Deste modo podemos compreender a necessidade e importância do treino dessa habilidade (talvez a que mais necessite de treino) na primeira infância (no ensino infantil pré-requisitos ligados a fase sensório-motor).
5) Memória Operacional:

Esta memória é que nos conduz a memória de trabalho, ou seja, é necessário muito treino com a memória operacional no período da aprendizagem informal para que através das habilidades exercitadas da criança, ela possa seguir para aprendizagem estrutural e assimilar o significado e significante dos símbolos sonoros. Essa correspondência se transformará em imagens mentais abstratas e concretas, em nomeação, relações de fatos com sons para que efetive as relações de oralidade e imagens (codificar e decodificar), estabelecendo significado ao que se aprende.

Neste processo complexo, a maturação neurológica, as zonas de aprendizado e as relações nas áreas frontotemporais são essenciais: a memória auditiva de curto prazo relacionando-se com muitas associações para que a memória de longo prazo efetive o conhecimento e dê seguimento ás próximas etapas linguisticas.

Aprendizado - marcadores do ensino informal para o ensino formal (pedagógico):

A criança, na sua maturação neurológica e no processo evolutivo, de posse do conhecimento informal e o jogo de brincar - APRENDENDO, deverá ter posse, no seu interior as seguintes habilidades:
1) Habilidades Individuais (genética)
2) Análise– Fonológica
3) Síntese– Fonológica
4) Codificação- Decodificação adequada para memória de trabalho e memória operacional.
5) Nomeação isolada
6) Nomeação serial
7) Atenção global preservada
8) Funções Corticais Preservadas (sem lesões aparentes).
9) Ambiente estimulador e adequado emocionalmente.
10) Oportunidades para o Desenvolvimento neuropsicológico normal.

Requisitos para passagem do ensino informal para o ensino formal (alfabetização):

Na criança padrão (normalidade), espera-se que já tenha inserido no seu interior cortical algumas habilidades para desenvolver novas etapas para maturação, progressão e superioridade linguística (metalinguagem), e por fim desenvolver suas habilidades com os conceitos adquiridos ao longo da infância e adolescência.

Assim, ela terá: velocidade sináptica, rapidez para hipóteses, realizará muitos insights e facilidade com nomeação isolada e serial de objetos, cores, formas, números, letras (funções básicas intrínsecas).

De posse desses facilitadores, conseguirá manter um processo contínuo, uma linha espacial (psicomotricidade) que irá da direita para esquerda, e de cima para baixo. Assim, irá relacionando noções viso-espaciais, dentro de contexto sensitivo-motor, com desempenho de todas as áreas (as camadas neurológicas) e com um complexo aumento de sinapses. Do mesmo modo essas sinapses entre os Hemisférios Direito e Esquerdo, onde os lobos frontoparietoocciptal e temporal assumem muitas funções, entre elas, a memória do aprendizado formal onde o exercício repetido com prazer e ritmo é adquirido e não esquecido, possibilitará continuar as suas relações simbólicas para expansão desse conhecimento.

Do conhecimento adquirido:

Como suspeitar de dificuldades na aquisição de leitura e escrita? Indicadores podem ser observados e devemos estar atentos quando verificarmos nesse processo de aprendizagem os itens abaixo:

1) Dificuldade na velocidade de nomear objetos, cores, números, formas, letras
2) Dificuldade na consciência Fonológica, não consegue criar hipóteses sobre sua oralidade e a dos outros.
3) Dificuldade na extensão da memória sustentada (curto e longo prazo)
4) Dificuldade na atenção sustentada
5) Desorganização praxi-motora
6) Inabilidade linguística (não consegue rimas, soletração, parlendas, etc...)

Sabemos que o aprendizado informal ocorre pela relação entre os fatores: o biológico, o cognitivo e o comportamental e o desenvolvimento da criança, baseado nestes fatores, pode relacionar-se de maneira intrínseca (depende dela) e extrínseca (do ambiente).

Nos fatores intrínsecos a genética, o neurobiológico, o processamento de linguagem, o processamento auditivo, os aspectos psicoemocionais, e até os transtornos de atenção com ou sem hiperatividade (TDAH) podem levar ao sucesso escolar, e ao contrário, quando algum ou o somatório de alguns destes itens levam ao desvio do aprendizado e leva-nos ao fracasso escolar.

Os fatores extrínsecos, que podem ser de ordem social, ambiental, cultural ou religiosa, também interferem positiva ou negativamente no aprendizado informal até atingir o aprendizado formal (alfabetização) e como exemplo podemos citar as famílias inadequadas, as escolas com poucos estímulos para aprendizagem, a baixa expectativa dessa família por parte da ascensão do filho na escola e outros.

Das dificuldades:

Como entender os DIS? Dislexia, Disortografia, Disgrafia, Discalculia...Para cada hipótese, temos um entendimento neurológico e evolutivo de cada expressão e seu respectivo significado:

1) Dislexia:

É a incapacidade de processar o conceito de codificar e decodificar a unidade sonora em unidades gráficas, (forma de grafemas) com capacidade cognitiva preservada (nível de inteligência normal). Os disléxicos têm capacidade para aprender todas as funções sociais e até altas habilidades, desde que, bem diagnosticado, seja trabalhado em suas áreas corticais favoráveis e com estratégias e intervenções adequadas. Essa intervenções devem valorizar suas funções viso-motoras, imagens com significado e significante associados a ritmo e memória visual auxiliando sua memória auditiva, para que desenvolva a capacidade por outras rotas (sabido que sua rota fonológica é prejudicada).

2) Disortografia:

Definimos como disortografia, os erros na transformação do som no símbolo gráfico que lhe corresponde. Nem sempre a disortografia faz parte da dislexia e pode surgir nos transtornos ligados á má alfabetização, na dificuldade de atenção sustentada aos sons, na memória auditiva de curto prazo (Déficit de Atenção) e também nas dificuldades visuais que podem interferir na escrita. Quando não estão co-morbidas à Dislexia, o prognóstico é melhor

3) Disgrafia:

Não se pode confundi-la ou compará-la com disortografia, pois a disgrafia tem características próprias. A criança com disgrafia apresenta uma escrita ilegível decorrente de dificuldades no ato motor de escrever, alterações na coordenação motora fina, ritmo, e velocidade do movimento, sugerindo um transtorno praxico motor (psicomotricidade fina e visual alteradas).

4) Discalculia:

A Discalculia do desenvolvimento é uma dificuldade em aprender matemática, com falhas para adquirir adequada proficiência neste domínio cognitivo, a despeito de inteligência normal, oportunidade escolar, estabilidade emocional e motivação. Não é causada por nenhuma deficiência mental, déficits auditivos e nem pela má escolarização. As crianças que apresentam esse tipo de dificuldade realmente não conseguem entender o que está sendo pedido nos problemas propostos pela professora. Não conseguem descobrir a operação pedida no problema: somar, diminuir, multiplicar ou dividir. Além disso, é muito difícil para elas entenderem as relações de quantidade, ordem, espaço, distância e tamanho. Aproximadamente de 3 a 6% das crianças em idade escolar tem discalculia do desenvolvimento (dados da Academia Americana de Psiquiatria). De um modo geral, o prognóstico das crianças com discalculia é melhor do que as crianças com dislexia, ou pelo menos, elas tem sucesso em outras atividades que não dependam desta área de calculo numérico.

Conclusão:

Todo trabalho escolar da vida acadêmica de uma criança deve ser investigado precocemente, desde seus primeiros momentos em berçários, creches e escolas infantis, pois a detecção de falhas ou inabilidade no seu D.N.P.M. (desenvolvimento neuropsicomotor) será preciosa para atendê-la melhor até seu inicio ao ensino formal, respeitando seu ritmo, mas oferecendo-lhe oportunidade de uma boa intervenção, caso descubra-se precocemente esta falha ou incapacidade.
O pré-diagnóstico no âmbito escolar é excelente para o aluno, para a escola, para os pais e a sociedade, onde não se atropela o desenvolvimento e nem permite más condutas com gastos desnecessários no futuro.
Todos devem participar desse novo olhar: professores, direção de escola, pais, psicopedagogos, e outros profissionais envolvidos direta ou indiretamente na alfabetização.

Telma Pântano (2010)
 
Fonte: http://revistaensinareaprender.blogspot.com